Saúde da mulher: conheça os exames que não podem faltar no check-up

Especialistas alertam sobre quais avaliações (check-up) devem fazer parte da rotina feminina ao longo da vida.

Embora as mulheres tenham uma expectativa de vida maior do que a dos homens, elas enfrentam mais doenças ao longo da vida. É o que diz o relatório do World Economic Forum, em parceria com o McKinsey Health Institute. O estudo revela que, em média, as mulheres passam 25% mais tempo convivendo com problemas de saúde em comparação com os homens. 

No Brasil, o cenário se mostra ainda mais preocupante quando considerados os dados sobre prevenção de doenças: 43% das brasileiras não realizam exames ginecológicos de rotina, segundo levantamento da Famivita. Entre as mais jovens, de 18 a 24 anos, o percentual chega a 58%.

Muitas mulheres acabam não priorizando o próprio bem-estar diante da sobrecarga de tarefas do dia a dia, com uma rotina dividida entre trabalho, casa e cuidados com a família, como destaca a endocrinologista Flávia Pieroni, em entrevista à imprensa. 

No entanto, essa dificuldade em manter os cuidados preventivos pode comprometer a saúde a longo prazo. Contornar esse cenário exige, além de políticas públicas, uma mudança de percepção sobre o autocuidado. O check-up é considerado fundamental para garantir o diagnóstico precoce de doenças e o acompanhamento de condições já existentes.

Exames ginecológicos e de imagem

Saúde da mulher exames de check-up
Saúde da mulher exames de check-up

Entre os principais exames que integram o check-up feminino está o Papanicolau, indicado a partir dos 25 anos, com realização anual. Segundo a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), após dois resultados normais consecutivos, a frequência pode ser trienal até os 64 anos. 

O exame permite rastrear o câncer de colo do útero e doenças sexualmente transmissíveis,  como tricomonas e HPV (papilomavírus humano). Caso haja diagnóstico de câncer, a mulher passa por uma etapa chamada estadiamento, que inclui exames como tomografia, ressonância magnética ou PET-CT, que avaliam a extensão da doença.

A mamografia deve ser incluída na rotina a partir dos 40 anos e repetida anualmente até os 75 anos, ou conforme avaliação clínica. A ginecologista e vice-presidente da Comissão de Anticoncepção da Febrasgo, Ilza Monteiro, acrescenta que o ultrassom das mamas também pode ser indicado como exame complementar, em casos de mamas densas.

Ilza também reforça a importância do autoexame das mamas a partir dos 16 anos, preferencialmente no banho e após o período menstrual. A prática contribui para que a mulher conheça seu corpo e identifique possíveis alterações.

Além desses exames, as clínicas de ginecologia também podem solicitar ultrassonografias pélvicas e transvaginais quando há alterações identificadas no exame físico ou necessidade de investigação de disfunções hormonais e irregularidades menstruais. Os procedimentos permitem avaliar o endométrio, os ovários e a parede uterina.

Exames hormonais e laboratoriais

Entre os check-up clínicos de rastreamento, a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) recomenda a dosagem do TSH, que avalia a função da tireoide, a partir dos 35 anos, com repetição a cada cinco anos. Se os níveis estiverem alterados, o próximo passo é verificar o T4 livre.

A endocrinologista Flávia Pieroni explica que a tireoide pode apresentar disfunções silenciosas, como o hipotireoidismo, sobretudo a partir dos 40 anos. Ela pode se desenvolver de forma gradual, dificultando o reconhecimento dos sintomas. Fadiga, ganho de peso, oscilações de humor e dificuldades para engravidar são alguns dos sinais que podem estar relacionados ao quadro.

A médica também ressalta que fatores como histórico familiar, doenças autoimunes e o uso de medicamentos à base de iodo aumentam o risco de alterações tireoidianas, reforçando a importância da testagem hormonal como parte do check-up feminino.

Além dos exames hormonais, a Febrasgo alerta que o acompanhamento clínico deve incluir testes laboratoriais de rotina, como hemograma completo, glicemia, creatinina (avaliação da função renal), colesterol total e suas frações, triglicérides e enzimas hepáticas TGO e TGP (avaliação da função hepática).

Acompanhamento na menopausa

A chegada da menopausa, por volta dos 45 anos, exige atenção redobrada. Nessa fase, o corpo passa por alterações hormonais que podem provocar sintomas como ciclos menstruais irregulares, sangramentos anormais, fadiga e oscilação de humor.

De acordo com Ilza, é essencial ficar atenta a esses sinais. Algumas alterações, como miomas, podem estar por trás de sangramentos excessivos e devem ser investigadas. Além disso, episódios recorrentes de perda de sangue podem levar à anemia e comprometer a qualidade de vida da paciente.

Além da continuidade de exames como o Papanicolau e a mamografia, a Febrasgo também recomenda, a partir dos 45 anos, a realização da densitometria óssea, que auxilia na detecção precoce da osteoporose. 

Para rastreamento do diabetes tipo 2, especialmente em mulheres com sobrepeso, obesidade, hipertensão ou alterações nos triglicérides, Ilza indica a realização anual da hemoglobina glicada e do teste de tolerância à glicose, que também podem ser solicitados mais cedo, conforme o histórico clínico.

Outros exames laboratoriais, como o perfil lipídico (colesterol total, HDL, LDL e triglicérides), devem ser monitorados anualmente, assim como a dosagem de vitamina D, importante para a imunidade e para os ossos, que deve ser feita regularmente após a menopausa.