Nutrientes têm eficácia comprovada, mas pesquisadores alertam para necessidade de orientação profissional
Diferentes pesquisas científicas recentes têm avaliado a eficácia de suplementos alimentares para o organismo e apresentam resultados que variam conforme o nutriente analisado. Em meio à popularização do consumo desse tipo de produto, pesquisadores têm se debruçado a compreender quais os impactos para a saúde.
Entre os nutrientes que chamam a atenção da comunidade científica, as funções da vitamina B12 têm sido documentadas, sobretudo, em populações com dietas restritivas ou deficiências específicas. Informações do portal Doctor’s First indicam que a suplementação baseada em evidências fundamenta o uso.
A vitamina D também apresenta documentação científica extensa. Os estudos reforçam que ela é essencial para saúde óssea e imunológica, com deficiências associadas a problemas diversos, incluindo doenças autoimunes e depressão.
Estudos clínicos têm investigado os benefícios da vitamina D3 na estrutura óssea, especialmente em populações com maior risco de deficiência. A pesquisa Bone Microstructure in Response to Vitamin D3 Supplementation: A Randomized Placebo-Controlled Trial, publicada no periódico científico Calcified Tissue International, registrou alterações na microestrutura trabecular óssea após três meses de administração de suplementos alimentares diária com 70 microgramas da vitamina.
Os dados foram obtidos por meio do acompanhamento de 81 mulheres na fase pós-menopausa e indicaram aumento da espessura trabecular e modificações na resistência óssea estimada. Os resultados refletem uma área de interesse para a medicina preventiva, particularmente em contextos de exposição solar limitada ou em fases da vida quando a síntese natural da vitamina pode estar reduzida.
Conteúdo do artigo
Resultados conflitantes demandam interpretação cautelosa

Estudos sobre vitamina D apresentam achados divergentes que exemplificam a complexidade da pesquisa em suplementação. Uma revisão de 2020 apontou que suplementos de vitamina D não ofereciam proteção contra vírus em pessoas com níveis normais ou elevados dessa vitamina. Em contraste, uma revisão de 2021 envolvendo quase 50 mil participantes identificou que os suplementos reduziram o risco de infecções respiratórias agudas.
Pesquisas sobre vitamina C seguem padrão semelhante. Uma revisão Cochrane (tipo de revisão sistemática que analisa pesquisas em saúde publicadas no Cochrane Database of Systematic Reviews) de 2013 examinou dados de mais de 11 mil participantes e concluiu que suplementos de vitamina C não reduziam o risco de contrair resfriado, embora ocasionalmente encurtassem a duração da doença. Outra revisão Cochrane mais recente, de 2024, envolvendo mais de 8 mil participantes, descobriu que suplementos de zinco não foram relevantes para prevenir o resfriado comum.
Ômega-3 e creatina apresentam evidências robustas
Alguns suplementos alimentares demonstram consistência nos resultados científicos. O portal Doctor’s First aponta que o ômega-3 possui benefícios cardiovasculares e cerebrais documentados por estudos que identificam redução do risco de doenças cardíacas e melhor funcionamento cognitivo.
Já a creatina é descrita como um dos suplementos mais estudados no contexto esportivo, com eficácia documentada na melhoria do desempenho atlético, aumento de força e massa muscular.
Probióticos também apresentam evidências consistentes para promoção da saúde gastrointestinal, ajudando a equilibrar a flora intestinal com impacto positivo na imunidade. Ainda segundo o Doctor’s First, estudos sugerem que a suplementação com probióticos pode ser benéfica, especialmente após uso de antibióticos.
Qualidade e rotulagem apresentam problemas recorrentes
Dados do estudo Prepandemic Prevalence of Dietary Supplement Use for Immune Benefits, realizado com a análise de 15.560 pessoas e publicado no JAMA Network Open, revelam que 11% da população dos Estados Unidos utilizou suplementos para benefícios imunológicos entre janeiro de 2017 e março de 2020.
A pesquisa identificou que 60% dos usuários escolheram produtos cujos rótulos continham alegações sobre benefícios imunológicos, enquanto apenas 16,6% basearam o consumo em recomendação médica.
Outro estudo, de 2022, examinou 30 suplementos comercializados para reforçar o sistema imunológico e descobriu que mais da metade apresentava rótulos imprecisos, 13 continham informações incorretas e nove possuíam ingredientes não listados no rótulo dos suplementos alimentares.
O estudo de 2020 revelou que orientação médica permanece em minoria entre usuários de suplementos alimentares. Essa proporção aumenta com a idade e entre indivíduos com autoavaliação de saúde mais precária. Vitaminas prescritas por médicos são adaptadas às necessidades individuais, levando em consideração a saúde geral do paciente, conforme informações do Doctor’s First.